23 Mai 2013
Caso policial na Praça de São Pedro. É aqui, segundo o que afirma a TV dos bispos italianos, Tv2000, que o Papa Francisco teria feito, no último domingo, uma oração de exorcismo em um rapaz possuído. A notícia deu a volta ao mundo, até que, apenas no fim da noite do dia 20, o padre Lombardi especificou: "O papa não teve a intenção de fazer nenhum exorcismo, mas simplesmente de rezar por uma pessoa sofredora que lhe havia sido apresentada".
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 21-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A reconstrução do Tv2000 não deixa dúvidas. "A Santa Missa de Pentecostes acabou há pouco. Francisco se dirige aos doentes que participaram da celebração. Ele se aproxima de um rapaz. O sacerdote dos Legionários de Cristo que o acompanha o apresenta ao papa dizendo-lhe que ele precisa de exorcismos. A expressão de Francisco muda de repente. Ele parece pensativo e concentrado, e estende as mãos sobre o jovem rezando intensamente. Os exorcistas que viram as imagens não têm dúvidas: tratou-se de uma oração de libertação do Maligno ou de um verdadeiro exorcismo".
As imagens, de fato, mostram um jovem que, no momento em que o papa reza sobre ele, solta um longo suspiro, como se estivesse se libertando de um grande peso. Tecnicamente, defendem os exorcistas, trata-se de uma oração de libertação. Bergoglio, em suma, imita Wojtyla, que, no mesmo lugar, anos atrás, fez uma oração semelhante sobre Sabrina, uma jovem possuída que conseguiu se libertar definitivamente somente anos depois.
Bergoglio e o diabo
Para Francisco, Satanás é uma figura real. Ele o cita continuamente. Ele o chama de "o inimigo", "o príncipe deste mundo". Ele o cita lembrando os Evangelhos em que Jesus realiza exorcismos: ele não só expulsa os demônios das pessoas, mas também impede que os próprios demônios revelem a sua identidade. Ele os ordena, em suma, impondo-lhes a sua própria autoridade.
Recentemente, no rastro de Francisco, o L'Osservatore Romano também dedicou um longo artigo sobre o diabo. No dia 4 de maio passado, o teólogo Inos Biffi falou sobre a presença e o papel do diabo nas Escrituras. Significativamente, o jornal vaticano deu a sua opinião sobre aquela Igreja que ignora deliberadamente o diabo.
Biffi, a propósito, desenvolveu uma consideração "para manifestar a surpresa diante da ausência na pregação e na catequese da verdade relativa ao diabo. Sem falar daqueles teólogos que, por um lado, aplaudem que, finalmente, o Vaticano II declarou a Escritura como 'alma da sagrada teologia' (Dei Verbum, 24) e, por outro, não hesitam – se não a decidir a sua inexistência (como fazem para os anjos) – em negligenciar como marginal um dado muito clara e amplamente atestado na própria Escritura, como é o relativo ao demônio, considerando-o como a personificação de uma obscura e primordial ideia do mal, que agora pode ser desmitificada e é inaceitável".
E, depois, as palavras mais duras: "Tal concepção é uma obra-prima de ideologia e, acima de tudo, equivale a banalizar a própria obra de Cristo e a sua redenção. É por isso que não parece nada secundário os apelos ao demônio que encontramos nos discursos do Papa Francisco".
Entre Francisco e João Paulo II, Bento XVI. Este último nunca fez exorcismos. Ele sempre acreditou na sua eficácia, mas nunca os fez. Como cardeal prefeito do ex-Santo Ofício, quando teve que escrever o novo ritual dos exorcismos, pediu ajuda a um grupo de exorcistas, porque, disse, "são mais experientes do que eu". Porém, nas palavras da sua pregação, não faltavam as palavras reservadas "ao príncipe deste mundo", ao "grande adversário".
O Papa Francisco acredita no poder da oração. A oração "faz milagres", disse ele nessa segunda-feira de manhã, na missa em Santa Marta, da qual participaram alguns empregados da Rádio do Vaticano, contando que ele assistiu em Buenos Aires a um milagre de uma menina de sete anos que havia adoecido e à qual os médicos deram poucas horas de vida. O pai rezou toda a noite, agarrados às portas do santuário de Luján, onde está um dos ícones marianos mais venerados na América Latina. "De manhã, ele voltou para casa, e a sua filha estava curada", disse Francisco.
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Assista abaixo ao vídeo do suposto "exorcismo" do Papa Francisco:
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O ''exorcismo'' do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU