17 Mai 2013
Nesta quinta-feira, 16 de maio, o WWF vai apresentar uma visão ecológica da bacia do Tapajós em evento organizado pelo site Planeta Sustentável e Editora Abril em Foz do Iguaçu e que tem como eixos temáticos Energia, Negócios e Ambiente.
A informação é publicada pela página WWF, 16-05-2013.
A partir do questionamento ‘Hidrelétricas na Amazônia: é possível estabelecer um diálogo?’, Pedro Bara, líder da Estratégia de Infraestrutura da Iniciativa Amazônia Viva do WWF, vai fomentar a discussão em torno da necessidade de se construir uma visão compartilhada das bacias amazônicas que serão objeto de grandes projetos hidrelétricos e minerários.
“O WWF vem defendendo a tese de um planejamento integrado para a região e propondo um debate nacional qualificado sobre a Amazônia que queremos conservar no futuro, o que implica definir rios a preservar antes que o acúmulo de impactos de inúmeros projetos hidrelétricos e minerários, tratados de forma isolada, gere um impacto socioambiental de proporções potencialmente desastrosas”, conclui Pedro Bara.
Tal visão foi construída a partir do desenvolvimento de uma estrutura analítica ao redor de um sistema de informações hidrológicas para análise dos rios amazônicos (HIS-ARA, na sigla em inglês), que integra informações ecológicas e hidrológicas para criar uma visão de conservação dos ecossistemas terrestres e aquáticos em uma dimensão regional.
A visão ecológica é um passo importante na direção de uma visão socioambiental da bacia do Tapajós, não só para avaliar o quanto o programa hidrelétrico pode comprometer o futuro da bacia do Tapajós (ou seja, seu impacto cumulativo e sinérgico), mas também na direção de se construir uma visão integrada do desenvolvimento regional, onde outros setores como a mineração devem ser objeto da mesma abordagem.
Se este objetivo compartilhado for alcançado será possível mitigar os conflitos e potencializar as oportunidades daqueles projetos que decididos de forma transparente e participativa podem contribuir para um futuro sustentável e próspero da bacia do Tapajós.
“A aplicação da ciência em ferramentas de apoio à decisão qualifica e agiliza um diálogo social em torno de programas de grandes investimentos na Amazônia tendo como referência uma visão do futuro. Este é o objetivo do nosso trabalho ao apresentar uma visão da conservação da bacia do Tapajós”, explica Maria Cecília Wey de Brito, secretária-geral do WWF-Brasil.
Envolver a sociedade e promover o debate qualificado em torno dos interesses, necessidade e urgência de se implantar grandes projetos de infraestrutura em áreas conservadas da Amazônia é imprescindível uma vez que as consequências afetarão a todos.
Para isso, um primeiro passo é a difusão pública dos relatórios elaborados pelo Grupo Estratégico de Acompanhamento de Empreendimentos Energéticos Estruturantes, criado em 2010 pela Portaria Interministerial no 494, assinada pelos ministros de Minas e Energia e de Meio Ambiente, ‘para analisar os aspectos ambientais e socioeconômicos dos estudos de planejamento energético, com vistas a subsidiar a seleção de aproveitamentos hidroenergéticos’. A realização de consultas públicas e debates é um segundo passo importante para viabilizar a participação da sociedade na construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, que garanta a viabilidade ecológica do bioma e que seja socialmente justo.
Impactos cumulativos
O WWF desenvolveu uma visão ecológica para a Amazônia e a partir dela a ferramenta de análise de impactos de obras de infraestrutura para apoio ao planejamento e à tomada de decisão com uma abordagem que permite identificar áreas críticas para a biodiversidade e a necessidade de manutenção da conectividade entre os rios para garantir a integridade da malha hídrica e dos ecossistemas aquáticos. A ferramenta também leva em conta o funcionamento dos sistemas ecológicos e o território social e cultural em toda a área de uma bacia hidrográfica.
No caso da bacia hidrográfica do rio Tapajós, que representa quase 6% do território brasileiro e tem destacada relevância ecológica, cênica e cultural, e de potencial hidrelétrico, há previsão de 42 hidrelétricas de diversos portes. Somente no chamado Complexo Tapajós, a previsão é de construção de sete usinas, entre elas as duas megausinas hidrelétricas, São Luiz e Jatobá. O barramento de mais dois rios livres na Amazônia, Tapajós e Jamanxin, vai inundar área estimada em 2.500 km2 e fragmentar ecossistemas de importância ecológica, cultural e social. Entre os impactos sociais está a afetação da Terra Indígena Munduruku, onde vivem mais de 10 mil indígenas.
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WWF: “Diálogo com a sociedade sobre potencial hidrelétrico da Amazônia é necessário e possível” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU