26 Fevereiro 2013
Com dois dias de intervalo, os eleitores de duas pequenas ilhas de língua inglesa do Caribe foram às urnas em um clima de crise econômica. Em Granada, uma ilha de 110 mil habitantes conhecida por sua noz-moscada, o Congresso Nacional Democrático, no poder, foi varrido pelo novo Partido Nacional. Dirigido pelo ex-primeiro-ministro Keith Mitchell, esse partido conquistou os 15 assentos do Parlamento durante a consulta organizada nesta terça-feira (19).
A reportagem é de Jean Michel Caroit, publicada no jornal Le Monde e reproduzida pelo Portal Uol, 24-02-2013.
Na quinta, 21, na ilha vizinha de Barbados, o Partido Trabalhista Democrático do primeiro-ministro de saída, Freundel Stuart, conservou o poder por uma pequena vantagem de 16 assentos dos 30 do Parlamento. Essa ilha de 300 mil habitantes, que vive principalmente do turismo, sofreu uma redução da ocupação de seus hotéis devido à crise nos EUA e no Reino Unido, de onde vem a maioria de seus visitantes.
O marasmo que atinge a região ampliou a indiferença dos eleitores pelos governos em exercício. Tanto Granada, cujo índice de desemprego ultrapassa 30%, como Barbados, estão entre os países sobrecarregados por "níveis de dívida insustentáveis", segundo o Banco Caribenho de Desenvolvimento.
Apelidada de "a Grécia do Caribe", a Jamaica é o país mais ameaçado pela crise. A dívida dessa ilha de 2,8 milhões de habitantes representa mais de 140% do Produto Interno Bruto, um dos índices mais elevados do mundo.
Segundo a primeira-ministra jamaicana, Portia Simpson, 55% das despesas públicas estão destinadas ao reembolso da dívida e 25% aos salários dos funcionários públicos, o que limita drasticamente a capacidade de intervenção do Estado em setores como educação, saúde ou segurança.
Depois de longas negociações entre a Jamaica e o Fundo Monetário Internacional, foi anunciado um acordo em meados de fevereiro que permitirá a Kingston receber US$ 750 milhões em dinheiro novo. O acordo é condicionado a uma redução das despesas públicas, sobretudo os salários, e um reescalonamento da dívida.
A Jamaica é um dos países mais afetados pela explosão da violência, muitas vezes ligada ao narcotráfico, que afeta o conjunto da região. Segundo a ONU, o custo da insegurança representa 3% do PIB jamaicano.
O combate à criminalidade foi o principal ponto na ordem do dia da cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), a organização regional que reúne os países de língua inglesa da região e o Haiti, realizada pela primeira vez em Porto Príncipe (Haiti) em 18 e 19 de fevereiro. Os chefes de Estado e de governo pediram ao ministro da Justiça dos EUA, Eric Holder, convidado para a cúpula, que contenha o tráfico de armas leves.
Eles também reclamaram uma melhor coordenação na expulsão de criminosos condenados nos EUA para suas ilhas de origem. Ao longo dessas conversas, que ele qualificou de "francas e diretas", Holder se comprometeu a dar "tantas informações quanto possível antes de deportar essas pessoas dos EUA".
Preocupado com o desenvolvimento do tráfico de drogas na região, o governo do presidente Barack Obama lançou em 2009 a Iniciativa para a Segurança na Bacia do Caribe (CBSI na sigla em inglês): US$ 203 milhões foram gastos desde 2010 para reforçar a segurança marítima e aérea, melhorar a capacidade das polícias e dos tribunais da região e realizar operações de prevenção, sobretudo entre os jovens ameaçados.
O governo Obama orçou US$ 59 milhões para prosseguir essas ações em 2013. Há pouco tempo Washington mobilizou discretamente aviões teleguiados, primeiro nas Baamas e depois na República Dominicana, para detectar as embarcações dos narcotraficantes que utilizam as ilhas como plataforma de baldeação da cocaína sul-americana destinada aos mercados norte-americano e europeu.
Durante a cúpula de Porto Príncipe, que adotou o francês como segunda língua de trabalho da Caricom, ao lado do inglês, os países membros deram seu "pleno apoio" ao pequeno arquipélago de Antígua e Barbuda, em conflito com os EUA a respeito de jogos e apostas online. Antígua e Barbuda ganhou a causa junto à Organização Mundial do Comércio, mas Washington se recusa a respeitar essa decisão.
Os países da região também denunciaram as subvenções dadas aos produtores de rum de Porto Rico e das ilhas Virgens Americanas, o que prejudica suas empresas.
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Crise, dívida e narcotráfico fragilizam as economias do Caribe - Instituto Humanitas Unisinos - IHU