Por: Jonas | 07 Fevereiro 2013
Desde 1984, na Colômbia, foram assassinados 83 sacerdotes, cinco religiosas, três religiosos, três seminaristas, um arcebispo e um bispo. O último deles ocorreu no sábado passado, informou o presidente da Conferência Episcopal deste país, dom Rubén Salazar (foto).
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 05-02-2013. A tradução é do Cepat.
“Infelizmente, nós como Igreja não escapamos da situação de violência que o país vive, se todos os dias há tantos mortos, seria quase impossível que entre eles não estivesse algum sacerdote”, lamentou Salazar, numa coletiva de imprensa, no início de uma assembleia plenária desta instituição.
O prelado fez uma menção especial ao padre Luis Alfredo Suárez, assassinado no último sábado, no município de Ocaña, departamento do Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela.
“O último assassinato aconteceu em Ocaña, sábado passado, e parece ser algo trágico, e absolutamente repudiável, pois foi um engano (...), queriam matar outra pessoa, o que demonstra que na Colômbia continuam assassinando com fins desumanos e ditados por razões políticas e econômicas”, manifestou.
“Se o sacerdote Luis Alfredo Suárez foi vítima de um equívoco, isso significa que todas as pessoas, em qualquer parte do país, podem estar em perigo, pois todos nós podemos ser vítimas, em qualquer momento, de um engano e ser assassinados”, acrescentou.
Além das vítimas fatais entre membros da Igreja, em razão do conflito armado e a violência na Colômbia, desde 1984, Salazar informou que neste mesmo período 17 bispos e 52 sacerdotes foram vítimas de ameaças.
“No país há uma quantidade de sacerdotes que está ameaçada, justamente por causa de seu trabalho evangelizador, em certas áreas do país, onde a lei está fora do lugar, já que imperam as leis dos grupos criminosos, sejam quais forem, e nestes espaços o trabalho evangelizador não é bem visto”, concluiu o chefe da Igreja colombiana.
Salazar convocou os colombianos para apoiarem o processo de paz, apesar das dificuldades de negociar em meio à guerra. Ele disse que confia na boa vontade das Farc em finalizar o conflito, dizendo ser “partidário” das conversas que estão ocorrendo em Havana, entre o grupo guerrilheiro e o Governo.
Além disso, advertiu que é necessário entender que na Colômbia a guerra continua. Apesar dos fatos que possam ser apresentados, é necessário ter “perseverança” para continuar adiante com as negociações. E acrescentou que é preciso “renovar a esperança” nas conversas que estão sendo realizadas.
O cardeal Salazar disse que é preciso respeitar as condições que o Governo estabeleceu para estas conversações, mesmo com a “extrema dificuldade” que significa dialogar em Cuba, enquanto na Colômbia a guerra continua. Assim mesmo, disse que os opositores ao processo possuem todo o direito de manifestarem suas discordâncias.
Contudo, pediu para que seja feito um “debate não passional, mas de ideias”. Segundo Salazar, no país há uma “democracia imperfeita”, mas, apesar disso, é necessário respeitar a liberdade de expressão daqueles que são contra as conversas com as Farc. “Temos que ser capazes de acabar com esta guerra que destruiu o país durante 50 anos. Este é um valor que todos nós precisamos atingir”, disse Salazar, para em seguida lembrar que a paz no país passa pelo fim do conflito armado.
O cardeal colombiano também concorda que as negociações se realizem fora da Colômbia, para evitar as pressões políticas que podem se apresentar dentro do país.
Repudiou os sequestros cometidos pelas Farc, e disse que as pessoas não podem continuar nas mãos da guerrilha, pois estão sendo violadas no direito à liberdade. Anunciou que após a Semana Santa, a Igreja iniciará uma peregrinação por todo o país, com a imagem da Virgem de Chiquinquirá, com o objetivo de convidar os colombianos a se unirem numa campanha pela paz.
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Uma centena de religiosos colombianos foi assassinada desde 1984 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU