14 Novembro 2012
A realização do Fórum Social Mundial Palestina Livre, que espera reunir milhares de pessoas no fim do mês na Capital, ganhou contornos de polêmica. Órgãos públicos que haviam manifestado apoio ao evento decidiram rever a posição, por considerar o teor do debate proposto – registrado em textos oficiais – hostil à comunidade judaica.
A prefeitura, por meio do secretário de Coordenação Política, Cézar Busatto, confirmou ontem que não dará aval institucional por discordar da “linha política de agressividade presente nas discussões”.
– Em Porto Alegre, judeus e palestinos convivem pacificamente. Não temos o direito, como prefeitura, como cidade, de promover um conflito que aqui não existe. Apoiar o fórum que não está baseado na visão do diálogo seria fazer um desserviço – explicou o secretário.
A informação é publicada pelo jornal Zero Hora, 14-11-2012.
Apesar disso, a prefeitura decidiu ceder o térreo da Usina do Gasômetro para o evento, desde que seja usado apenas para “atividades de caráter cultural”.
Organizadores não cogitam cancelamento
A exemplo da administração municipal, a Assembleia Legislativa também está analisando o caso. Já ouviu os argumentos do consulado de Israel e aguarda informações de representantes da Palestina para definir se cederá seu auditório.
– Recebemos documentos pesados aqui, de boicote e de contrariedade ao povo judeu, e esse não é o espírito da Assembleia – disse o presidente da Casa, Alexandre Postal (PMDB).
A reviravolta descontentou integrantes do fórum. Segundo o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Elayyan Aladdin, a suposição de que o encontro pode incitar a agressividade é infundada. Para Claudir Nespolo, presidente de uma das entidades promotoras, a Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), a polêmica é exagerada:
– A prefeitura recebeu uma pressão muito grande da comunidade israelita. Pintaram um ambiente de beligerância, e a prefeitura se assustou. Mas não é nada disso.
O fórum, conforme Nespolo, será pautado na “solidariedade ao povo palestino”. Ele confirmou que o documento de referência do evento, disponível na internet, fala em “boicote” a Israel, mas evitou polemizar. Disse que “não há risco de violência” e que se trata “apenas de uma forma de pressão”.
Os organizadores do evento – que ocorre entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, na Capital – não cogitam o cancelamento.
– O evento já é um sucesso. São 160 oficinas inscritas. O fórum vai se realizar nem que seja embaixo das árvores, ali no Centro – afirma Nespolo.
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Fórum da Palestina é precedido de polêmica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU