08 Novembro 2012
Pressionados por uma multidão estimada em até 100 mil pessoas, mais de 300 deputados analisavam até o final da noite de ontem, em Atenas, um novo plano de rigor avaliado em € 13,5 bilhões.
A aprovação do programa pelo governo do primeiro-ministro Antonis Samaras é uma das exigência da troica - grupo formado pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - em troca de € 31,5 bilhões em empréstimos que estão retidos por Bruxelas, relativos ao segundo plano de socorro, concedido em 2011.
A reportagem é de Andrei Netto e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 08-11-2012.
Entre as medidas previstas no novo choque de austeridade estão cortes de 27% dos salários de altos funcionários públicos, ativos e aposentados. Com a redução de quase um terço dos vencimentos, um professor universitário, por exemplo, passará a receber € 1,4 mil - ou R$ 3,7 mil.
Também está no pacote a redução do quadro do funcionalismo, um novo aumento na idade de aposentadoria (para 67 anos), a desregulamentação do mercado de trabalho e de serviços e aumento de impostos.
As propostas fazem parte da lei plurianual 2013-2016, um documento de 400 páginas e só um artigo, cuja apreciação foi feita em regime de urgência pelos deputados. Isso porque o governo precisa homologar o plano antes de 16 de novembro, sob pena de o Estado grego não honrar seus compromissos com os credores nacionais e internacionais.
A tensão envolvendo a sessão do Parlamento começou dentro da instituição. Um projeto de lei apresentado pelo ministro de Finanças, Yannis Stournaras, que previa redução dos salários de altos funcionários do Legislativo, teve de ser retirado da pauta para que a lei plurianual não fosse bloqueada por uma greve.
O projeto é considerado crucial por Samaras, que na terça-feira advertiu que o país poderia mergulhar no caos caso a lei fosse rejeitada. Desde já, porém, o primeiro-ministro é um dos perdedores, porque sua base de sustentação no Parlamento deve ser reduzida em dois partidos da coalizão, o Partido Socialista (Pasok) e a Esquerda Democrática (Dimar), que devem registrar dissidências.
Protestos
Do lado de fora do Parlamento, um novo protesto mobilizou 70 mil pessoas, segundo a polícia, e 100 mil pessoas, de acordo com a agência Reuters, na Praça Syntagma, no coração de Atenas.
Alguns manifestantes carregavam faixas com dizeres "Abaixo a política de submissão e humilhação", em críticas à União Europeia, ou ainda pedindo a declaração unilateral de moratória.
Um dos líderes do movimento era Alexis Tsipras, chefe do partido de esquerda radical Syriza, derrotado por Samaras nas eleições de 2012. "Este projeto de lei vai mergulhar o país em uma recessão prolongada", advertiu, reclamando que o pedido de urgência contrariava a Constituição do país.
Ao longo do segundo dia de greve geral, houve novos enfrentamentos entre a polícia e grupos extremistas, que reuniam cerca de 300 manifestantes violentos. Pelo menos 20 pessoas foram presas.
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Corte de € 13 bi leva gregos às ruas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU