19 Outubro 2012
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,35-45 que corresponde ao 29º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Enquanto sobem a Jerusalém, Jesus vai anunciando aos seus discípulos o destino doloroso que o espera na capital. Os discípulos não o entendem. Andam a disputar entre si os primeiros lugares. Tiago e João, discípulos da primeira hora, aproximam-se dele para pedir-lhe diretamente para se sentarem um dia “um à tua direita e outro à tua esquerda”.
Jesus vê-se desalentado: “Vocês não sabem o que estão pedindo”. Ninguém no grupo parece entender que segui-lo de perto, colaborando em seu projeto, sempre será um caminho não de poder e grandeza, mas de sacrifício e cruz.
Entretanto, ao darem-se de conta do atrevimento de Tiago e João, os outros dez indignam-se. O grupo está mais agitado que nunca. A ambição os divide. Jesus reúne-os a todos para deixar claro o seu pensamento.
Antes de tudo, expõe o que acontece nos povos do império romano. Todos conhecem os abusos de Antipas e das famílias herodianas na Galileia. Jesus resume assim: Os que são reconhecidos como chefes utilizam o seu poder para tiranizar os povos, e os grandes não fazem outra coisa senão oprimir os seus súbditos. Jesus não pode ser mais taxativo: “Mas, entre vocês não deverá ser assim”.
Não quer ver entre os seus nada de parecido: “Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos”. Na sua comunidade não haverá lugar para o poder que oprime, só para o serviço que ajuda. Jesus não quer chefes sentados à sua direita e esquerda, mas sim servidores como ele, que dão a sua vida pelos outros.
Jesus deixa as coisas claras. A sua Igreja não se constrói pela imposição dos de cima, mas desde o serviço dos que se colocam abaixo. Não cabe nela hierarquia alguma por honra ou domínio. Tampouco métodos e estratégias de poder. É o serviço o que constrói a comunidade cristã.
Jesus dá tanta importância ao que diz que se coloca a si mesmo como exemplo, pois não veio ao mundo para exigir que o sirvam, mas “para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. Jesus não ensina ninguém a triunfar na Igreja, mas a servir o projeto do reino de Deus dando a vida pelos mais débeis e necessitados.
Os ensinamentos de Jesus não são só para os dirigentes. A partir de tarefas e responsabilidades diferentes, temos de nos comprometer todos a viver com mais entrega ao serviço do seu projeto. Não necessitamos na Igreja de imitadores de Tiago e João, mas de seguidores fiéis de Jesus. Os que queiram ser importantes, que se coloquem a trabalhar e a colaborar.
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Entre vocês não deverá ser assim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU