26 Setembro 2012
Mesmo com a retirada do projeto que ampliava a permissão para uso de agrotóxicos no Rio Grande do Sul, o Estado tem atualmente 896 produtos desse tipo com comércio autorizado, conforme lista da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Apesar da variedade de agroquímicos liberados, alguns agricultores pedem que o debate sobre a legislação seja ampliado, para competirem em igualdade com produtores de outros Estados, enquanto outros aprofundam a escolha por cultivos orgânicos, que dispensam esse tipo de produto.
A reportagem é de Nestor Tipa Júnior e publicada no jornal Zero Hora, 26-09-2012.
Ontem, o deputado Ronaldo Santini (PTB) retirou da pauta de votação o projeto de lei que permitia a entrada no território gaúcho de agrotóxicos proibidos no país de origem. Na Assembleia Legislativa, diante de um grupo que protestava contra a iniciativa, Santini sugeriu ter mudado de ideia definitivamente:
– Obrigado por me ajudarem a enxergar.
Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber argumentou que, embora as substâncias continuem proibidas no Estado, ainda não existe controle sobre os alimentos importados que usam os mesmos princípios ativos.
– Hoje esses produtos são proibidos aqui, mas importamos alimentos dos outros Estados e do Uruguai que usam esses agrotóxicos. Temos de tomar cuidado por não nos tornarmos uma ilha – advertiu Weber.
Chefe do departamento de defesa fitossanitária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Dionísio Link explica que o uso dos agrotóxicos começou com o objetivo de matar as pragas que atacam as lavouras, mas a crescente pressão por maior produtividade agrícola fez com que o uso indiscriminado aumentasse.
– Muitas vezes, quem planta pensa em colocar uma dose a mais para proteger a lavoura das pragas, mas esse pouco a mais pode ser o suficiente para matar uma pessoa. Os agrotóxicos não têm efeito só sobre os insetos, mas também no ambiente e nos seres humanos – salientou Link, lembrando que outro problema é a falta de proteção dos próprios agricultores na aplicação dos agroquímicos.
Uma opção crescente tem sido a produção orgânica. O agricultor Jamir Vigolo, de Antônio Prado, produz uvas e tomates sem agrotóxicos. A decisão veio depois de ver um colega morrer por causa de intoxicação.
– Isso me chamou a atenção, e a partir daí apareceu a oportunidade de trabalhar com orgânicos. Consigo dormir tranquilo, pois sei que meu produto não está fazendo mal a uma criança, por exemplo – ressaltou o agricultor.
O número de gaúchos cadastrados no Ministério da Agricultura como produtores de orgânicos é de 1.450 desde a entrada da nova lei que regula o setor, em vigor a partir de janeiro de 2011.
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RS. Texto cai, mas não encerra dilema sobre agrotóxicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU