15 Setembro 2012
Imagine receber um e-mail quando a roupa estiver pronta na máquina de lavar, ou uma mensagem de texto quando uma criança abre a jarra dos biscoitos mais que um certo número de vezes.
Avisos desse tipo já são possíveis, graças a uma série de empresas que estão agregando inteligência e capacidade de comunicação a objetos e aparelhos domésticos, dando-lhes muitos atributos que são característicos dos computadores e smartphones.
A reportagem é de Jessica E. Vascellaro, publicada no The Wall Street Journal e reproduzida no jornal Valor, 12-09-2012.
As propostas, principalmente neste início, variam muito. O Twine, um aparelho de US$ 99 da Supermechanical, inclui um sensor que detecta mudanças na temperatura ou na vibração e envia alertas por meio de uma conexão sem fio. Os usuários poderiam colocar o aparelhinho quadrado ao lado de um cano de água, por exemplo, e receber uma mensagem de texto se o cano estiver congelando - algo muito útil nos países de inverno rigoroso.
Poderiam também conectar um sensor de umidade para receber um aviso quando as plantas precisarem de água.
A Tagstand, da Egomotion, vende adesivos com chips embutidos - baseados em uma tecnologia chamada "comunicação de curta distância" (near-field communication, ou NFC, em inglês) - capazes de armazenar e transmitir pequenas quantidades de dados. Os adesivos podem ser escaneados por um celular e programados para realizar tarefas na internet, como postar mensagens no Facebook.
A GreenGoose, de San Francisco, na Califórnia, está vendendo uma tecnologia semelhante para recompensar as pessoas por bom comportamento. Seu kit de sensor de escova de dentes, que custa US$ 49, inclui um pequeno dispositivo que se prende à escova, uma radiobase sem fio que se conecta a um roteador Wi-Fi, e um jogo para telefone celular. Quando a criança escova os dentes, um macaco de desenho animado dança e pula na tela do celular, para incentivar dois minutos de escovação.
O fundador, Brian Krejcarek, prevê que haverá aplicações futuras para motivar as crianças a tomar remédios, entre outras coisas. A tecnologia traz "um pouco de leveza para algo que normalmente é chato", disse ele.
As empresas afirmam que são inspiradas pela maneira como os smartphones condicionaram os consumidores à expectativa de viverem conectados. Esse mesmo fluxo constante de informações pode ocorrer entre pessoas e objetos, ajudando as pessoas a automatizarem tarefas e checagens de rotina.
"Há tantas coisas silenciosas e desconectadas no mundo, sobre as quais ninguém sabe nada até que seja tarde demais", disse David Carr, cofundador da Supermechanical, sediada em Austin, no Texas.
"Um ar-condicionado, por exemplo, não tem como avisar que está quebrado antes de começar a aumentar a sua conta de luz", disse ele. Carr prevê que tecnologias como a do Twine acabarão sendo embutidas nos aparelhos, levando a automação doméstica a um novo nível.
Gigantes da eletrônica como a Samsung Electronics vendem geladeiras e máquinas de lavar habilitadas para conexão sem fio. A geladeira tem uma telinha que exibe aplicativos de música e receitas, entre outros, enquanto a máquina de lavar pode mandar um aviso para um telefone quando terminar o ciclo de lavagem.
Mas empresas novatas estão tentando alcançar os amadores entusiastas com uma gama muito maior de utilizações. E estão fazendo isso enquanto o custo dos sensores e outros componentes continua a cair. Ao mesmo tempo, os programadores de software vêm criando ferramentas que permitem programar esses aparelhos sem grandes conhecimentos técnicos.
O usuário precisa de duas pilhas AAA para ligar o Twine, e tem de fazer a instalação on-line. As opções permitem que o usuário indique se deseja receber uma mensagem de texto quando a temperatura estiver abaixo de um certo nível, por exemplo.
As etiquetas sem fio vendidas pela Tagstand, de San Francisco, também são programadas on-line. Cada etiqueta tem um chip ligado a um endereço na internet. O usuário também pode vincular uma etiqueta a um aplicativo desenvolvido pela Tagstand, que modifica as configurações no telefone.
Jimmy Selix, de 33 anos, administrador de tecnologia da informação de Minneapolis, no Estado de Minnesota, programou alguns adesivos da Tagstand para acelerar tarefas que ele executa com frequência, como desligar o toque do telefone celular durante as reuniões.
Usando o aplicativo da Tagstand no seu celular Samsung Galaxy Nexus, ele programou dois adesivos. Ele escaneia um deles com o rótulo "modo de reunião" quando quer desligar o Wi-Fi, o Bluetooth e a campainha do celular durante uma reunião; e escaneia o "modo pessoal" quando quer ligá-los de novo. Ele programou um terceiro modo para se conectar ao serviço de check-in do Foursquare para avisar aos amigos que chegou em casa.
"Sinto que estou vivendo no futuro", disse Selix. Programar os adesivos, que custaram US$ 15 por um conjunto de 15, foi fácil, disse ele, embora as funções que eles desempenham ainda sejam bastante limitadas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
No mundo conectado, objetos têm a iniciativa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU