03 Julho 2012
Está tudo pronto no Vaticano para a nomeação pelo papa do alemão Gerhard Ludwig Müller, arcebispo de Regensburg, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, isto é, o ex-Santo Ofício, por nada menos do que 24 anos o dicastério dirigido pelo cardeal Joseph Ratzinger, deixado, no momento da sua eleição ao sólio pontifício, ao norte-americano William Joseph Levada.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 02-07-2012 publicada antes do anúncio oficial da nomeação no novo Prefeito da Congregação. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma medida que, dentro da Cúria, revela muitos significados: o de levar novamente um alemão ao centro do ambiente fundamental para o respeito da doutrina, e o de voltar estreitar ainda mais as fileiras dos compatriotas em torno do papa, em um momento de dificuldades por causa do caso Vatileaks (o L'Osservatore Romano trazia como manchete de página inteira "O drama e a força do papado", enquanto o seu diretor, Giovanni Maria Vian, lembrava em editorial assinado as acuradas palavras do Ratzinger cardeal sobre a "sujeira na Igreja").
Müller é um "fidelíssimo" de Bento XVI. Ele não só preparou a sua visita a Regensburg em 2006 e à Alemanha no ano passado, mas também é o editor da opera omnia do pontífice teólogo. E com ele, agora, tornam-se muitos os purpurados de língua alemã que constituem a quinta coluna do papa bávaro, na Cúria e no exterior. Porque, além dos germânicos Reinhard Marx (arcebispo do Munique, e, portanto, também ele sucessor de Ratzinger nessa diocese, e atual presidente da Conferência Episcopal Alemã), do idoso cardeal e historiador Walter Brandmüller, até o quase imberbe purpurado de Berlim (a mais jovem eminência atual, com "apenas" 55 anos) Rainer Maria Wölki, somam-se dois purpurados de alto calibre: o austríaco Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, e o suíço Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, no Vaticano confidencialmente apelidado de "o cardeal com o duplo K". Sem contar a forte influência de um dos melhores cérebros, agora aposentado mas sempre muito ativo, o cardeal Walter Kasper.
Hoje, inicia-se uma semana decisiva para a Santa Sé. Na quarta-feira, será realizado o exame dos avaliadores europeus sobre as novas normas antilavagem de dinheiro e pela transparência financeira. Em Estrasburgo, o órgão Moneyval, o comitê do Conselho da Europa encarregado de avaliar os sistemas contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, examinará o dossiê vaticano para julgar a adequação das estruturas financeiras da Santa Sé aos padrões internacionais.
Um teste delicado e muito esperado, e sobre o qual se prevê um julgamento entre luzes e sombras, mas não totalmente negativo. Segundo rumores, os especialistas europeus, em seu relatório, teriam expressado uma avaliação de "não conformidade" ou de "parcialmente conforme" apenas em 8 das 49 "recomendações" sobre a antilavagem de dinheiro. Portanto: não chegando a 10 resultados negativos, o Vaticano, salvo modificações de última hora, poderia ser promovido, ou ao menos não rejeitado. Esse seria o primeiro passo para o ingresso na "lista branca" dos países virtuosos da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico].
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Müller, novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé - Instituto Humanitas Unisinos - IHU