Por: Jonas | 12 Mai 2012
A Secretaria de Avaliação Ambiental de Aysén aprovou por unanimidade a construção da central hidrelétrica no Rio Cuervo, ao sul de Santiago, no Chile. O início do funcionamento está previsto para 2019, e espera-se que seja a primeira entre as três que a Energia Austral, filial da minera suíça Xtrata Cooper, pretende construir na área.
A reportagem está publicada no jornal Página/12, 09-05-2012. A tradução é do Cepat.
Em meio a forte dispositivo policial, e apesar da oposição de grupos ambientalistas e de alguns parlamentares, a empresa planeja edificar uma central hidrelétrica com capacidade estimada de 640 megawatts, num investimento de 645 milhões de dólares (uns 500 milhões de euros), localizada a 1650 quilômetros da capital transandina. De sua parte, a prefeita de Aysén, Marisol Martínez (Democracia Cristã), disse ao jornal chileno, La Tercera, que “a votação em que foi aprovado o projeto hidrelétrico demonstra um descumprimento com a Mesa Social”, já que não foi respeitado o acordo em se realizar uma consulta cidadã antes da votação.
“A Mesa Social terá que avaliar sua visão, há muitos temas para serem tratados e isto a Mesa terá que definir. Obviamente, aqui há um descumprimento com a Mesa, claramente não foi respeitada a postergação desta votação, até que fosse desenvolvido um plebiscito, isto, claramente, é uma falta aos compromissos”, disse Martínez em conversa telefônica com La Tercera. Um dos pontos que desperta maior controvérsia é o dos riscos que apresenta, para a população de Aysén, a construção da represa: a megaestrutura ficará sobre uma falha geológica. Nesse sentido, o diretor do Serviço de Avaliação Ambiental, Eduardo Riveros, indicou que são avaliados os impactos ambientais e não os riscos dos projetos. A prefeita demonstrou preocupação com o projeto: “Parece-me preocupante que havendo um estudo que demonstra riscos vulcânicos e falhas ativas, este não seja abordado adequadamente, e que se determine a continuação do processo, gerando um perigo iminente para a população de Aysén e para o seu futuro. A entidade que deve cuidar de nossa segurança, hoje em dia, não está abordando isto adequadamente”, disse.
“Estamos falando de um setor que está cheio de vulcões ao redor, com três linhas de falhas que são de alto risco”, descreveu o senador da Renovação Nacional, Antonio Horvath, na área onde se localizará a represa. E anunciou a interposição de vários recursos judiciais para impedir o projeto que, em sua opinião, poderia ter menor impacto se fosse construída uma central sem represa. O senador criticou que a avaliação tenha sido feita de forma parcial e o fato de não se optar por uma central menor. No mesmo tom da prefeita de Aysén, o engenheiro civil - e eco-senador independente, como se apresenta em sua página web – responsabilizou os integrantes da comissão por não escutar os argumentos contra o projeto.
“Estas megacentrais não propiciam um crescimento sadio, pois trazem trabalhadores de fora da região e são muito perversas, pois, além disso, não cumprem os compromissos assumidos, como aconteceu na região de Biobío”, apontou o parlamentar.
Assim mesmo, Horvath disse que está sendo repetida uma situação semelhante ao que foi vivido um ano antes, quando foi incentivada a construção de Hidroaysén, “com claras fragilidades na lei, porque estão aprovando projetos com exigências para o futuro. Isto é como entregar um cheque sem garantia”, afirmou.
“Todos os impactos significativos, que são identificados, estão sendo respondidos satisfatoriamente com as correspondentes medidas de compensação e atenuação” - disse a intendente Pilar Cuevas, discordando das críticas. “Dado isto, a comissão aprovou de forma unânime a central do Rio Cuervo”, acrescentou a funcionária. A implementação do projeto supõe uma redução na tarifa elétrica, em 21%, para os 100.000 habitantes de Aysén, assim como a construção de caminhos turísticos, entre outras condições que a comissão propôs para apoiar a iniciativa. Os habitantes de Aysén mantiveram, durante fevereiro e março, protestos para denunciar o isolamento da região, traduzido em problemas de conectividade, educação e altos preços nos combustíveis e em outros produtos.
Enquanto isso, no exterior do edifício onde se reuniu a comissão, os carabineiros detiveram três manifestações por desordem pública, segundo informou a polícia. Quem demonstrou satisfação pelo resultado da votação foi o gerente geral da Energia Austral, Alberto Quiñones, que num comunicado destacou a tramitação “rigorosa e transparente” realizada para a aprovação da construção da hidrelétrica. “Temos trabalhado para entregar um projeto sustentável, que trará energia limpa a partir de uma fonte renovável e que contribuirá para que o Chile atenda sua crescente demanda energética, gerando benefícios concretos, em termos de emprego e turismo, para Aysén”, explicou. O projeto Rio Cuervo soma-se ao da Hidroaysén que impulsionado pela Endesa Chile, na mesma região, contempla a construção de cinco represas nos rios Pascua e Baker.
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Aysén já tem central hidrelétrica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU