Por: Jonas | 27 Abril 2012
Cada vez estamos mais conectados: no último ano, o tráfego da Internet cresceu 133%. Os dados que vão pela rede móvel são oito vezes maiores que todo o tráfego da Internet, do ano 2000, e o número de telefones móveis conectados, no final de 2012, será maior do que a quantidade de pessoas sobre a terra. Em 2016, haverá 1,4 aparelhos móveis por pessoa na terra. Nesse mesmo ano, serão 10 bilhões de aparelhos móveis conectados. Os dados são da Cisco, a empresa dona de 53% de todos os “roteadores” (routers) sobre a face da terra e de 64% das conexões de televisão ip, entre outros dados arrepiantes. Porém, no mundo da hiperconexão tudo pode mudar rapidamente. Algumas mudanças são difíceis de explicar, porém são tão revolucionárias que, alguns anos depois, transformam tudo.
A reportagem é de Mariano Blejman, publicada no jornal Página/12, 24-04-2012. A tradução é do Cepat.
Dito de forma básica, os roteadores são máquinas que servem para conectar máquinas entre si, e são indispensáveis para a organização das redes. Historicamente, a Cisco acerta sobre a evolução da Internet porque controla de uma maneira pseudo monopolista o negócio das conexões. O que a Cisco talvez não podesse prever é que Martín Casado – um pesquisador da empresa Nicira, que surgiu da Universidade de Stanford, nascido na Espanha e criado nos Estados Unidos, desde os oito anos – inventaria uma forma de conectar as máquinas sem necessidade de usar os famosos routers, da Cisco. O que pode significar o fim da Cisco como uma empresa monopolista, que faturou 43 bilhões de dólares, no ano passado. Nos Estados Unidos, eles pensam da mesma maneira: “Inventam o futuro da Internet, em que a Cisco perde sentido”, noticiou a revista Wired, há alguns dias. “Uma empresa start-up planeja ser disruptiva diante dos gigantes das redes”, assinalou, um pouco antes, The New York Times.
“A explicação simples, é que se você olha os computadores ou os laptops, eles possuem hardware barato, que pode ser comprado em qualquer lugar, possuindo muitos programas para que sejam configurados do seu modo. No mundo das redes é o inverso, ao invés de você comprar algo barato, compra um hardware muito caro e praticamente você não tem software para poder inovar”, conta Martín Casado, exclusivamente, de São Francisco, para o Página/12. “O que nós fazemos é muito simples: prover a funcionalidade de software barato e flexível para que os computadores se conectem entre si”.
Google, AT&T, E-Bay e Rackspace, entre outros grandes usuários, já estão usando esta tecnologia que está revolucionando o mundo das conexões e baixando drasticamente os preços para as empresas que lidam com grandes volumes de dados. “Estamos entrando numa nova era”, disse Casado. “O Google e a Amazon possuem grandes centrais de dados e a questão da conexão é a parte mais cara e difícil de configurar. Estamos construindo conexões flexíveis para as grandes empresas e para os provedores de servidores. A mudança ocorrerá muito rapidamente”, destaca Casado.
O software é o produto de uma pesquisa de doutorado de Casado, na Universidade de Stanford, e se presume que a empresa formada por ele e outros empreendedores já faça parte do império do Google, sobre o que Casado prefere não propagar: “Não posso falar publicamente sobre qual é meu contato com o Google”, disse de forma misteriosa ao telefone, para esse jornal, minutos antes de pegar um avião. Certamente, a Cisco reagiu de maneira voraz, desabonando a ideia e lançando alguns serviços que procuram ser semelhantes, mas Casado acredita que “não estão apontando para o mesmo tipo de serviço”. O mais “simpático” deste descobrimento é que foi executado por Casado quando trabalhava para uma agência de espionagem de governo (que prefere não revelar), cujo objetivo era melhorar a segurança e a flexibilidade das redes. Além disso, esse governo lhe deu o seu primeiro 1,5 milhão de dólares para desenvolver sua empresa. Agora, Casado disse que “aqueles velhos amigos” não serão seus clientes, porque os governos “caminham muito devagar”.
O sofware do Nicira reduziria 50% do custo da instalação e configuração das redes de grandes companhias, levando-se em conta sua experiência com o Google. As grandes companhias de Internet como AT&T, que gastam bilhões de dólares ao ano em suas nuvens, compreenderão rapidamente que a virtualização da rede pode ser uma revolução nos preços e também, para os pequenos, a possibilidade de montar estruturas mais baratas. Os japoneses da NTT usaram o software para reconfigurar milhões de máquinas, em meio ao tsunami. Por que é mais seguro? “É uma questão matemática”, disse Casado: “Se tem menos cabos e menos máquinas, então, há menos pontos de acesso e maior controle”.
O produto surgiu depois de quatro anos de trabalho de Casado e outros “doutorandos” do Google, MIT e VmWare, uma empresa pioneira em virtualização. Segundo o que se pôde conhecer de um artigo publicado pela revista Wired, há alguns meses, o escritório do engenheiro principal do Nicira foi “assaltado” por um ladrão presumivelmente enviado por algum governo estrangeiro. A Cisco e Juniper dizem que suas estratégias no mundo da “virtualização das redes” já está avançado, e já estarão lançando no mercado.
“A instalação de redes será muito mais acessível para países menos industrializados”, disse Casado. Com a ideia já revelada e com as cartas postas sobre a mesa, será interessante saber como reagirão os números da Cisco, agora que não poderão monopolizar a evolução dos dados.
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Uma nova forma de conectar máquinas na Internet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU