08 Março 2012
Quarta-feira, 16 de novembro de 2011, leigos, autores de uma Carta aberta aos cristãos da diocese de Rouen se encontraram com Dom Jean-Charles Descubes, arcebispo de Rouen. Yves Millou e Henri Couturier, membros da equipe de animação do Centro Teológico Universitário (CTU) e da formação permanente da diocese, e Colette Glück, membro da Réseaux du Parvis, lhe entregaram o seu texto, já assinado por 170 pessoas com "responsabilidades na Igreja e na sociedade civil".
"O encontro foi cordial", assegura Colette Glück. "Dom Descubes nos repetiu que não queria se colocar de um lado ou de outro, mas que o seu papel era o de preservar a comunhão na diocese e fazer com que sejam aplicadas as decisões do sínodo diocesano", organizado em 2010. Depois desse encontro, os leigos modificaram, assim, o título do seu texto: a Carta aberta a Dom Descubes tornou-se uma Carta aberta aos cristãos da diocese de Rouen.
A carta foi publicada no sítio Culture-et-foi.com, 16-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Somos um grupo de leigos católicos da diocese de Rouen. Encontramos, no apelo de um grupo de padres de Rouen, questões que merecem ser mais amplamente debatidas e que concernem à vida da nossa Igreja.
Se levarmos a sério o ensinamento do Concílio sobre a vocação universal dos batizados, a situação das nossas pequenas comunidades dispersas, o fato de que há mais leigos engajados e formados, capazes de assumir responsabilidades, nos parece urgente engajarmo-nos nós também nesse percurso, como leigos, para fazer evoluir a Igreja Católica à qual estamos ligados. Essa Igreja nos parece muito temerosa e e lhe falta audácia para encontrar os meios para responder às necessidades do povo cristão e do mundo de hoje.
O Sínodo pediu "o reconhecimento de ministérios confiados aos fiéis leigos para responder à situação atual da Igreja diocesana" (IV 15). Mas é oportuno ir muito além e mais rápido do que o que é proposto, a fim de que leigos e padres sejam coletivamente responsáveis pela animação das comunidades cristãs. Eles devem, com efeito, poder compartilhar por toda a parte e sempre a Palavra, o Pão e o Vinho.
Imaginemos, por exemplo, uma comunidade urbana ou rural, privada da Eucaristia e da partilha do Evangelho, que poderia se reunir, propor o nome de uma ou duas pessoas, homens ou mulheres com experiência, casados ou celibatários, para um ministério ao serviço da comunidade, e depois caberia ao bispo validar essa proposta. Sem negar o valor do celibato consagrado escolhido livremente por aqueles que pretendem se tornar padres, nós desejamos que a Igreja latina reflita a partir de hoje sobre a ordenação de ministros da Eucaristia e da Palavra sobre bases mais amplas, como se faz nas Igrejas orientais e em outras Igrejas cristãs.
Nós também desejamos que se dinamize mais fortemente o apelo por diáconos permanentes, hoje muito pouco numerosos, particularmente na nossa diocese. É uma realidade adquirida graças ao Vaticano II, atualmente insuficientemente explorada.
Desejamos que se reconheça a leigos batizados, homens e mulheres competentes, o direito de fazer homilias, prática que se difundiu positivamente depois do Vaticano II e que hoje está sendo novamente posta em discussão. Muitos estão preparados para isso, graças aos cursos de formação seguidos na diocese.
Desejamos igualmente que a Igreja cesse de recusar a Eucaristia aos fiéis divorciados em segunda união, em nome de uma disciplina que faz sofrer inutilmente. Além disso, todos sabem que, felizmente, inúmeros padres, em consciência, não respeitam as diretrizes canônicas sobre esse ponto.
Enfim, é vital estabelecer um verdadeiro diálogo entre padres e leigos, entre cristãos de tendências diferentes, senão opostas, porque é urgente fazer com que os nossos contemporâneos ouçam uma palavra mais voltada a promover a Boa Nova do que a emanar regras morais, muitas das quais são incompreensíveis e, geralmente, inaplicadas.
Compartilhamos a inquietação de Gérard Bessière, padre, que escreveu no dia 18 outubro de 2011: "Milhares de cristãos vão embora na ponta dos pés, sem serem ouvidos, enquanto se busca longamente um acordo com os integralistas (...). Não estamos assistindo, talvez, ao enterro discreto do Concílio Vaticano II?".
Sim, nós somos daqueles que desejam uma Igreja à escuta das necessidades e das expectativas dos homens e das mulheres de hoje, uma Igreja solidária com os pobres e com os excluídos.
Os signatários são:
Mais informações, em francês, estão disponíveis aqui.
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Carta aberta aos cristãos da diocese francesa de Rouen - Instituto Humanitas Unisinos - IHU