Por: Cesar Sanson | 05 Março 2012
No último sábado (3), integrantes da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) reuniram-se na zona oeste de São Paulo para uma análise de conjuntura desse primeiro semestre e com o objetivo de estabelecer datas de mobilização comuns.
A reportagem é de Luiz Carvalho e publicado pelo portal da CUT, 05-03-2012.
Da mesma forma que aconteceu no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, no início do ano, novamente as entidades bateram na tecla da unidade para combater as potências neoliberais que articulam-se globalmente.
Na mesa que abriu os debates, o diretor Executivo da CUT, Júlio Turra, falou sobre o que classificou de agenda equivocada e de política econômica burra nacional. Ele citou as três grandes pauladas que abriram 2012: o corte de R$ 55 bilhões no Orçamento, que afetam os serviços públicos, os servidores e a qualidade de atendimento à população, a privatização dos aeroportos e a aprovação do fundo de previdência complementar para os servidores.
“Há uma sinalização do governo de contradizer o que a Central defende, porque estar ao lado do trabalhador é adotar as reformas necessárias e não retomar a privatização”, criticou, referindo-se a reformas como a política, a tributária e a agrária.
Reformas paradas
Enquanto isso, lembrou o dirigente, a pauta de interesse da classe trabalhadora continua trancada no Congresso Nacional: temas como a redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário e a ratificação e implementação de convenções como a 87 (liberdade e autonomia sindical), 151 (negociação coletiva no setor público), 158 (contra demissão imotivada) e 156 (igualdade de oportunidades para homens e mulheres), não vão à votação.
Turra destacou o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil. “Estamos exportando commodities, produtos agrícolas e minério por conta da política de livre comércio que inunda o país de importados. A classe trabalhadora precisa ir às ruas para arrancar a redução de juros e o crescimento do mercado interno com mais e melhores empregos”, acrescentou.
Ainda sobre a política econômica, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajuda a financiar a exclusão ao apoiar prioritariamente empresas que atuam na exploração de recursos naturais, na especulação imobiliária, na indústria automolística, na contrução civil e na concentração dos meios de comunicação. “Em 2011, foram R$ 230 bilhões destinados aos grandes empresários desse setor”, afirmou.
De acordo com Stédile, a saída é centralizar o câmbio, desvalorizar o real e taxar quem vai se beneficiar da exportação.
Para ele, é preciso fazer ações de massa e unitárias, que geram consciência, para alterar a correlação de forças, já que há uma direita ideológica que perdeu as eleições, mas que faz a luta de classes através dos meios de comunicação e do poder Judiciário, por ela controlados.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, foi outro que citou a necessidade de mobilização para fazer avançar as reformas democráticas e fez um apanhado de todas que julga necessárias: reformas do sistema de saúde, tributária, agrária, urbana, dos meios de comunicação, política e, claro, da educação. “Tivemos ampliação do acesso às universidades, um avanço importante, mas o impacto ainda é muito tímido. O Brasil é a 6.ª economia do mundo, mas ainda somos os 88.º em educação”, disse, para depois insistir na necessidade de aplicar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, reivindicação que encontra amplo apoio na CUT.
Calendário de lutas
Secretária de Comunicação da Central, Rosane Bertotti, citou também o desafio de dialogar com a população sobre a pauta dos movimentos sociais. “Precisamos criar instrumentos para conversar com as pessoas de uma forma que todos entendam o que é marco regulatório e como isso é fundamental na vida de todos e todas”, disse.
A dirigente disse que esse será um dos temas do seminário definido para 30 de março e organizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que Rosane coordena, ao lado de entidades que defendem o acesso democrático à comunicação.
Antes disso, a agenda de lutas começa já com o 8 de março, Dia Internacional da Mulher . E segue com o 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, e o 5 de junho, Dia Internacional do Meio Ambiente, que os movimentos sociais estabeleceram como uma data para lutar contra o capitalismo em todo o mundo. Por fim, a Cúpula dos Povos, entre 15 e 23 de junho, no Rio de Janeiro, parelela à Rio+20, será palco de grandes mobilizações.
As entidades também unirão forças para apoiar a greve nacional da Educação, nos dias 14, 15 e 16 de março. Por fim, em 12 de abril, durante a assembleia da CMS, e no dia seguinte haverá uma grande manifestação em solidariedade à Venezuela e ao presidente Hugo Chavez, que concorre à reeleição. Mobilização que também alcançará o 5 de julho com o mote de “Brasil está com Chavez.”
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Movimentos sociais debatem a conjuntura e estabelecem agenda unitária de lutas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU