Por: Cesar Sanson | 17 Fevereiro 2012
O dirigente do MST João Pedro Stedile condenou a nomeação do líder do Partido Progressista (PP) na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), para o Ministério das Cidades.
A reportagem é de Catia Seabra e publicada pela Folha de S.Paulo, 02-02-2012.
Em e-mail enviado à reportagem, Stedile diz que Dilma "mancharia o seu próprio passado de lutas, com indicação tão espúria, e ofensiva para todos os camponeses do Brasil e a todos que sempre lutaram contra a ditadura dos militares e dos coronéis do nordeste".
Avô de Ribeiro, o ex-deputado Aguinaldo Veloso Borges é apontado em dois livros lançados pelo governo federal como mandante do assassinato de João Pedro Teixeira, fundador da Liga Camponesa de Sapé (PB), em 1962. Segundo o livro Retrato da Repressão Política no Campo, relançado pelo governo de Dilma Rousseff, Borges só não foi preso porque era sexto suplente de deputado e, graças à saída dos titulares, obteve imunidade parlamentar.
Um outro livro oficial, o Direito à Memória e à Verdade, produzido durante o governo Lula, cita a mesma história. "Os nomes dos mandantes da emboscada que vitimou João Pedro Teixeira, segundo escritura declaratória feita por Francisco de Assis Lemos Souza, foram Aguinaldo Veloso Borges [usineiro], Pedro Ramos Coutinho e Antônio José Tavares, o 'Antônio Vitor', conforme decisão do juiz Walter Rabelo, dada em 27/03/1963", diz.
O nome do avô do possível ministro também é associado à morte da líder Margarida Maria Alves, em 1985.
Segundo a bibliografia oficial, Veloso ameaçou a então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (PB) "pouco antes" de ela ser baleada por pistoleiros encapuzados na porta de casa. A sindicalista assassinada inspirou a "Marcha das Margaridas", ato que há quatro anos reúne em Brasília trabalhadoras rurais de todo o país.
Embora insista em repetir que ainda não fora convidado para assumir o Ministério das Cidades, Ribeiro descartou à Folha qualquer risco de constrangimento com a esquerda do PT. Segundo ele, "o Brasil e o mundo mudaram" e a dicotomia "esquerda e direita" está superada.
Stedile chama de "lamentável" a "biografia familiar" de Ribeiro. "Espero que a presidenta Dilma não cometa esse erro de indicá-lo para Ministério das Cidades, pois mancharia seu próprio passado de lutas, com indicação tão espúria e ofensiva para todos os camponeses do Brasil."
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“Indicação é ofensiva para todos os camponeses do Brasil”, afirma João Pedro Stédile - Instituto Humanitas Unisinos - IHU