06 Janeiro 2012
A indústria automobilística brasileira encerrou 2011 com recorde de produção e de vendas, mas também com demissões, fato que não ocorria desde junho de 2009. Em dezembro, foram cortadas 669 vagas nas montadoras, sendo 529 pelas fábricas de veículos e 140 pelas de tratores. O setor fechou o ano com 144.710 funcionários, ainda assim o maior contingente dos últimos 25 anos. Em relação a 2010, há 8.610 empregados a mais nas fábricas atualmente.
A reportagem é de Cleide Silva e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 06-01-2012.
Após 28 meses seguidos de aumento do quadro de pessoal, as montadoras pararam de contratar em novembro e, no mês passado, promoveram cortes, sinal de que o fôlego do setor diminuiu. Novas baixas vão ocorrer. A fabricante de caminhões Scania, do ABC paulista, avisou que não renovará contratos de 138 funcionários.
Eles foram contratados em regime temporário por um ano, prazo que vence até março. A empresa também está promovendo dispensas na matriz sueca e alega dificuldades com a crise na Europa e incertezas quanto à demanda na América Latina.
Para o consultor da CSM WorldWide, Fernando Trujillo, o bom momento da indústria automobilística registrado no fim de 2010 e início de 2011 "acabou". Ressalta ainda que o aumento das importações "afeta muito a produção local".
No ano passado, foram vendidos no País 3,63 milhões de veículos, dos quais 23,6% importados, a maior parte pelas próprias montadoras, que trouxeram produtos principalmente da Argentina e do México. O total de carros nacionais vendidos (2,77 milhões) é 2,8% inferior ao de 2010. Já o volume de importados (858 mil) é 30% maior.
A produção de 3,4 milhões de unidades foi apenas 0,7% superior ao resultado de 2010. O número inclui 541,5 mil veículos exportados, alta de 7,7% na comparação com o ano anterior.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para este ano aumento de 4% a 5% nas vendas e de 1,1% na produção. A exportação deve recuar 5,5%.
"A produção não deve recuperar o mercado perdido para os importados", diz Trujillo. Segundo ele, a medida do governo federal, que aumentou em 30 pontos porcentuais a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados de fora do Mercosul e do México, não vai ajudar na recuperação da produção nacional porque afeta uma minoria de produtos que vem de outros países, incluindo China e Coreia.
Reajustes
Além do repasse parcial da alta do IPI para os importados, de cerca de 15%, 2012 começou também com reajustes nas tabelas sugeridas pelas montadoras para os carros nacionais. O varejo, porém, continua oferecendo descontos até porque os estoques seguem altos, apesar da redução ocorrida em dezembro, o melhor mês do ano em vendas, com 348,4 mil unidades.
No fim do ano havia 347,3 mil carros nos pátios de montadoras e revendas, o equivalente a 30 dias de vendas. Em novembro, o estoque era de 373,5 mil veículos, ou 35 dias de vendas.
Segundo revendas, na virada do ano a General Motors aplicou reajustes médios de 1,6% nos modelos da marca. Ontem, a Volkswagen distribuiu novas tabelas com aumento médio de 1%. O último reajuste oficial da marca havia ocorrido em maio.
Quatro modelos tiveram reajuste maior, na casa dos 3%, porque passaram a ser equipados com airbag e freio ABS. A inclusão dos equipamentos no Gol Power, Gol Rallye, Voyage Comfortline e SpaceFox Trend resultou em aumento de R$ 1,3 mil.
Até novembro do ano passado, o IPCA (índice oficial de preços do IBGE) indicava queda de 2,8% nos preços de mercado dos carros novos. A inflação no mesmo período estava em 6%.
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Montadoras voltam a demitir - Instituto Humanitas Unisinos - IHU