04 Novembro 2011
O etólogo italiano Enrico Alleva explica por que os grandes predadores são tão frágeis.
A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 01-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"A sua força física não deve nos enganar. Os grandes predadores são uma população delicada, que sentem muito a ação de distúrbio do homem". Enrico Alleva, etólogo do Instituto Superior de Saúde e acadêmico dos Lincei, explica assim o paradoxo da fragilidade do rei dos animais.
Eis a entrevista.
Por que os grandes felinos estão em crise?
Mesmo quando o homem não os ameaça diretamente, ele perturba o seu ambiente. Assim, torna-se difícil encontrar lugares adequados para emboscar as presas ou locais tranquilos para se cortejarem e se reproduzirem.
No entanto, parecem ser animais muito fortes.
Mas, sendo predadores, são poucos e precisam de grandes quantidades de alimentos devido ao seu tamanho. Por isso o equilíbrio das populações dos grandes felinos é tão delicada. A força não serve para nada se o habitat é degradado e as presas começam a escassear.
Qual efeitos tem a perda de um predador sobre o resto da cadeia alimentar?
Os predadores apicais, como tigres, leões e outros grandes felinos, eliminam os indivíduos mais velhos e mais frágeis das espécies das quais se alimentam, e trazem de volta ao equilíbrio um eventual excesso de jovens. O excesso de cervos que se observa, por exemplo, na Itália se deve à falta de predadores.
O que o homem pode fazer para remediar?
Aprender o respeito mediante a educação ambiental. Entender que a proteção da natureza é um valor ético e estético. Mas isso, obviamente, só pode acontecer na ausência de guerras e de crises humanitárias.