Especialistas em direitos humanos da Índia, do Uruguai e da Alemanha discutiram, em painel paralelo durante a
18ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, efeitos provocados por mudanças climáticas no planeta.O painel contou com representantes do
Conselho Mundial de Igrejas (CMI), do Fórum Inter-Religioso sobre Mudanças Climáticas, Meio Ambiente e Direitos Humanos, do fórum alemão de Direitos Humanos e das Missões Evangélicas Unidas (UEM).
A informação é da
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 20-09-2011.
Partilhando um exemplo de como as mudanças climáticas produzem vítimas, Nafisa D"Souza, da Índia, contou acerca da situação dos pequenos agricultores, pescadores e, especialmente, os povos indígenas adivasis.
Os
adivasis têm que lidar não só com mudanças fundamentais do clima, mas também com órgãos governamentais, como os escritórios florestais locais, que realocam, alegadamente por razões ambientais, a população ancestral da floresta.
Os projetos e as medidas preferenciais no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, promovem a exploração industrial dos recursos naturais, exatamente o oposto da manipulação cuidadosa que o povo adivasi desenvolve na floresta há gerações.
Sophia Wirsching, da agência alemã Pão para o Mundo, falou sobre os efeitos das mudanças climáticas nas formas de deslocamento forçado ou migração, e como migrantes precisam receber proteção e reabilitação.
Wirsching denunciou a falta de requisitos políticos e jurídicos para a proteção abrangente dessas populações. A alemã salientou que a confiança das pessoas em seus direitos humanos foi afetada, o que fez com que elas buscassem novas parcerias.
O uruguaio
Guillermo Kerber, responsável pelo programa de mudanças climáticas no CMI, disse que o organismo ecumênico internacional aborda a questão a partir do enfoque da participação das igrejas no desenvolvimento de sistemas de proteção às vítimas das mudanças climáticas ao redor do mundo, baseado na compreensão teológica de preservação da Criação de Deus e em busca de justiça às vítimas.
Juntamente com outros parceiros, o
CMI tem preparado recurso que pede ao Conselho de Direitos Humanos da ONU o estabelecimento de um mandato, baseado nos direitos humanos, para lidar com as consequências das mudanças climáticas.
Theodor Rathgeber, do Fórum de Direitos Humanos e da UEM, sublinhou a necessidade de tal mandato, visto que as mudanças climáticas ameaçam, com consequências irreversíveis, a humanidade e a criação. Portanto, exigem um tratamento de urgência – a partir da perspectiva das vítimas, frisou.
O representante diplomático das Filipinas apresentou, no debate, o projeto de resolução, junto com Bangladesh, que prevê a organização de um seminário, no início do ano que vem, em que as diversas experiências de agências da ONU devem ser coletados e sistematizados.
O painel deixou claro que as vítimas só podem ser verdadeiramente ajudadas se o desenvolvimento não for somente compreendido a partir do crescimento econômico, mas com mudanças expressivas nas estruturas do mundo industrializado.