17 Agosto 2011
Ao cumprir-se três anos do começo de seu mandato, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo (foto), destacou as conquistas obtidas, e reconheceu que o processo que se iniciou após sua chegada ao governo não foi o esperado.
A reportagem é do jornal Página/12, 16-08-2011. A tradução é de Anete Amorim Pezzini.
"Encontramo-nos com a agradável sensação de um processo. Embora não tenha sido o que sonhamos, foi de longe o que pudemos encarar, deixando metas em matéria de conquistas que fundaram um novo Paraguai, e que nem os profissionais do pessimismo puderam negar", assegurou Lugo em um extenso discurso pronunciado na cidade de Encarnação, onde inaugurou o porto dessa localidade e outras obras financiadas pela Entidade Binacional Yacyretá. Entre as conquistas, o presidente paraguaio citou o ritmo de conclusão da represa de Yacyretá, obra que foi finalizada sob seu governo, e o da presidente Cristina Fernández. "Muitos apostaram que ela não estaria concluída durante este mandato presidencial, e a realidade superou a ficção", disse o Chefe de Estado, que, com sua chegada ao poder, à frente da Aliança Patriótica para a Mudança (APC), pôs fim a 61 anos de hegemonia do conservador Partido Colorado.
Lugo acaba de curar-se de um câncer linfático detectado há algum tempo, e se apresta a iniciar o quarto ano de seu mandato. Seus aliados insistem em que ele postule-se como candidato a senador após o fracasso do plano que buscava introduzir na Constituição a figura da reeleição para que o ex-bispo se candidatasse nas eleições gerais de 2013. O projeto de eliminação da senadoria vitalícia tem como objetivo aplainar o caminho para que Lugo possa candidatar-se a essa câmara nas ditas eleições.
Igualmente ao que sucede com seu par do Chile, Sebastián Piñera, o mandatário paraguaio enfrenta os índices mais baixos de popularidade desde sua chegada ao poder. Segundo uma pesquisa da consultoria Ati Snead publicado há uma semana pelo diário de Assunção, La Nación, 52,1 por cento dos paraguaios reprovam sua gestão, e somente 44,3 por cento a considera boa ou muito boa. Não haver baixado as taxas de criminalidade, do desemprego e da pobreza encontram-se entre as razões de sua má imagem.
Outro dos mal-estares é o assunto Itaipu. "Também se colocou em questão nossa capacidade negociadora para que o Brasil aprovasse a nota de reversão para aumentar de 120 a 360 milhões de dólares norte-americanos o pagamento anual pela energia que cedemos ao país vizinho. Hoje, isso é uma realidade que deve transformar-se em maiores investimentos públicos que combatam a pobreza e gerem riquezas para nosso povo", destacou o governante. No marco dessa negociação com o Brasil, Lugo anunciou a construção de uma subestação de quinhentos quilowatts em Villa Hayes, localidade situada ao norte de Assunção.
E afirmou que a assistência a famílias em situação de extrema pobreza aumentou de quatorze mil para cento e vinte mil famílias nos últimos anos. Elogiou, por sua vez, a declaração de gratuidade no atendimento dos hospitais estatais. "Sem fechar os olhos e os ouvidos às necessidades sociais historicamente postergadas, vi o país avançar com o trabalho de meus compatriotas, tanto os que cultivam um quarto de hectares de milho, quanto centenas de hectares de soja", insistiu. Lugo considerou o crescimento econômico recorde de 15,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) que o país alcançou em 2010 um golpe à desconfiança sobre seu governo. "Devemos concentrar-nos em um único objetivo: unir o país no desenvolvimento social. Teremos tempo para enfrentar-nos nas urnas, mas não nos roubem o sonho de saber de que cor se pintará o novo amanhecer, quando o arco-íris da esperança chegou para ficar", pontuou.