08 Abril 2011
Reabre neste sábado o túmulo do santo de Assis. A restauração é a terceira ao longo dos 800 anos da história franciscana.
A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 08-04-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma inesperada cenografia de pedras rosas, salpicadas de veios brancos e cinzas, provenientes das históricas cavernas do monte Subasio, há muito tempo fechadas para a indústria extrativa. Quase um inesperado triunfo de cores pastel – das paredes às voltas, dos pavimentos até o pequeno altar, também ele de rocha branco-rosácea – que ficaram mais plásticas e mais esplendorosas por uma iluminação difusa, mas rigorosamente indireta, capaz de dar uma nova alma e calor à característica arquitetura neorromântica de toda a cripta, que por muitos anos pareceu escura, apagada em muitos traços.
Apresenta-se assim o túmulo de São Francisco da Basílica Inferior de Assis, que a partir deste sábado será reaberta ao público depois de uma restauração – o terceiro ao longo dos 800 anos da história franciscana – que a levou novamente ao seu esplendor original.
Os trabalhos, fortemente desejados pelo custódio do Sacro Convento, padre Giuseppe Piemontese, em vista da visita de Bento XVI no próximo dia 28 de outubro, deram novamente ao sacrário o seu rosto antigo que havia permanecido "irreconhecível – explica o padre Enzo Fortunato, diretor da sala de imprensa da basílica franciscana – depois de séculos de exposição às fumaças das velas, aos pós e aos vapores dos mais de seis milhões de peregrinos que todos os anos visitam o túmulo".
Um povo diversificado em caminho sobre os vestígios de Francisco, composto também por personagens conhecidos e menos conhecidos, políticos de qualquer orientação, guias espirituais de todas as fés e Papas como João XXIII e João Paulo II, que se dirigiu para lá seis vezes, a partir do primeiro grande encontro inter-religioso de 1986, que, em outubro próximo, será comemorado também pelo Papa Ratzinger.
Por ocasião do fim das restaurações – conduzidas pelo mestre Sergio Fusetti e supervisionadas pela superintendente dos bens históricos da Úmbria, Vittoria Garibaldi, tataraneta de Giuseppe – a cripta será visitada pelo ministro dos Bens Culturais, Giancarlo Galan. Neste domingo, a reabertura com conferência pela manhã e, à tarde, benção do cardeal presidente da Conferência dos Bispos da Itália, Angelo Bagnasco.
Além da restauração das cores originais, "obtidas com técnicas de vanguarda – explica o mestre Fusetti – em uma superfície de cerca de mil metros por 15 mil tratadas em pedra", os restauradores trouxeram novamente à luz também à antiga laje de pedra, posta para a defesa do túmulo, no qual, em 1818, o ano da primeira restauração a 588 anos da morte do santo, os freis fizeram um fórum para poder exumar o caixão.
Agora, essa laje foi colocada sobre o altar, onde também podem ser admiradas as hastes de ferro originais e a grade com a qual, em 1230, o túmulo foi envolto, inteiramente escavado na rocha.
"Seis séculos depois – relata o padre piemontês – o túmulo foi reencontrado depois de longos e privados trabalhos de escavação. A cripta foi construída em 1918, em estilo neoclássico. Mas, de 1926 a 1932, foi transformada no atual estilo neorromântico, mais alinhado com aquela `terra fria e nua` sobre a qual São Francisco quis ser deposto, para ir ao encontro da `irmã morte".
Entre as novidades aprovadas pelo Sacro Convento, a instalação de duas câmeras fixas que, anuncia o padre Enzo Fortunato, "conectarão a cripta 24 horas via web para permitir que quem não pode ir a Assis reze virtualmente sobre o túmulo de São Francisco".
Para quem, ao contrário, quiser enviar mensagens, os freis prepararam o e-mail latuapreghierasanfrancesco, "por meio da qual se poderão enviar mensagens pessoas e pedir a ajuda do Poverello, um santo universalmente reconhecido como exemplo de paz e de fraternidade, especialmente em momentos de grande crise como os atuais".