04 Janeiro 2011
O ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio não considera um erro a indicação, ao Nobel da Paz, do padre François Houtart, que admitiu já ter praticado pedofilia. Segundo ele, para concorrer ao prêmio, não é preciso ser "santo e imaculado". "Tais qualidades são exigíveis para os candidatos a santos de altar", disse ele em artigo ao Terra Magazine, 04-01-2010.
O padre belga François Houtart, que confessou ter abusado de uma criança de oito anos.
Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil
Eis o artigo.
A recente acusação de prática de pedofilia contra o padre François Houtart, coloca em evidência um problema que o Vaticano tem se negado a considerar e que precisa ser enfrentado de uma vez por todas: o celibato clerical.
Os padres são seres humanos de carne e osso, como todos os demais e, consequentemente, sujeitos às mesmas fraquezas que todos nós. Como foi possível que um homem bom, generoso, valente como Houtart tenha caído nesse pecado? Evidentemente por que se trata de um ser humano.
Significa a revelação do vexaminoso fato, que foi um erro indicá-lo para o prêmio Nobel da Paz? Entendo que não. A indicação de uma pessoa a esse prêmio não significa que ela deva ser santa e imaculada. Tais qualidades são exigíveis para os candidatos a santos de altar. Para o Nobel da Paz, o que se exige é a demonstração de que o candidato contribuiu com seu pensamento ou suas ações práticas para a solução pacífica de conflitos sociais e políticos. Neste plano, Houtart foi impecável.
Ao noticiar o fato, os jornais mencionaram recente artigo no qual manifestei meu apoio do valoroso jesuíta ao prêmio. O fato novo não me obriga a retirar uma única vírgula daquele artigo. Houtart contribuiu com seus livros e atuação nos diversos foros e movimentos nos quais milita ativamente, para um mundo mais igualitário e democrático - condições indispensáveis à pacificação.
O que sim, acrescentaria àquele artigo é a expressão do meu sentimento de pesar pela exposição de uma figura tão digna e respeitável à execração popular. Sem dúvida, o crime cometido não pode ser abafado e nem ficar impune. Contudo, isso não impede que nós, seus admiradores, levemos ao guerreiro ferido, nosso testemunho de solidariedade.
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"Padre Houtart: reafirmo meu apoio’, afirma Plínio de Arruda Sampaio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU