04 Mai 2020
A maioria dos estadunidenses (56% d@s entrevistad@s) acredita que “Satanás não é apenas um símbolo do mal, mas é um verdadeiro ser espiritual e influencia a vida humana”. Apenas 51% desse universo têm a mesma percepção de Deus e 49% não estão totalmente confiantes de que Ele existe; 52% afirmam, no entanto, que “o Espírito Santo não é uma entidade viva, mas é um símbolo do poder, presença ou pureza de Deus”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A pesquisa, denominada American Worldview Inventory 2020 (AWVI) , é do Instituto Barna Group e foi realizada antes da pandemia do coronavírus. Metade dos americanos, ao tomar uma cédula de dólar em mãos, não dá mais crédito ao que ela traz impresso: “In God we trust” (em Deus confiamos). Apenas 51% dos cristãos do país acredita numa visão bíblica de Deus; há 30 anos, esse índice era de 73%. As pessoas que acreditam que “um poder superior pode existir, mas ninguém realmente sabe ao certo” passou de 1%, há três décadas, para 20% na atualidade.
O mais surpreendente é que as maiores quedas da perspectiva bíblica da natureza de Deus foram verificadas entre pessoas que frequentam igrejas pentecostais ou carismáticas (queda de 27 pontos percentuais comparados há 30 anos), entre jovens dos 18 aos 29 anos de idade (queda de 26 pontos), idosos (pessoas nascidas antes de 1946, queda de 25 pontos) e mulheres (queda de 25 pontos).
Os dados acenderam luzes vermelhas na seara pentecostal e carismática. O pastor e escritor Michael Brown indagou, em análise para o Charisma News, por que isso aconteceu. O resultado é “desconcertante”, escreveu. Se as pesquisas de Barna forem precisas, “meu palpite educado seria o seguinte: estamos colhendo o fruto da pregação de um evangelho de auto-aperfeiçoamento centrado na pessoa, que não é o Evangelho”.
Ele não tem certeza de todas as causas que levaram a esse declínio na confiança em Deus justamente na grei pentecostal e carismática. “Mas o que não se pode negar é o nosso fracasso, principalmente em alguns maiores e mais visíveis ministérios”, como pregar uma mensagem clara do Evangelho que convence do pecado e aponta para a cruz, pedir arrependimento, e ensinar sobre a natureza de Deus e a centralidade de Jesus, “justamente com os ensinamento sobre o ministério do Espírito, que costumamos fazer muito bem”.
A autocrítica de Brown vai mais longe: “Antigamente pregávamos que os pecadores eram miseráveis e que a graça era incrível. Hoje dizemos aos pecadores que eles são incríveis, fazendo da graça uma reflexão desnecessária; antigamente pregávamos o Evangelho da salvação. Hoje pregamos um evangelho de auto-aperfeiçoamento; antigamente pregávamos a morte para a carne, a morte para si e a morte para o pecado, apontando para uma nova vida em Jesus. Hoje pregamos que Jesus veio para que o crente pudesse realizar seus sonhos, que Ele veio para torná-lo maior e melhor. Costumávamos pregar o evangelho da abnegação. Hoje pregamos o evangelho da autorealização”.
A seara pentecostal e carismática, argumentou Brown, tem cultivado “muitas práticas e doutrinas aberrantes e fizemos um trabalho muito ruim de autocrítica”.
O AWVI 2020 foi realizado em janeiro de 2020 e trabalhou uma amostra nacionalmente representativa de 2 mil adultos. A pesquisa incluiu 1 mil entrevistas com uma amostra aleatória de adultos por telefone, além de outros 1 mil adultos entrevistados online.
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Cai a confiança em Deus na seara pentecostal e carismática americana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU