22 Novembro 2019
Uma análise realizada pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) mostrou que 35% do desmatamento ocorrido na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi registrado em áreas não-designadas e sem informação.
A reportagem é de Cristina Amorim, publicado por IPAM, 21-11-2019.
“Isso é grilagem de terras”, afirma o diretor- executivo do IPAM, André Guimarães. “Essas florestas são públicas, ou seja, é patrimônio de todos os brasileiros, que é dilapidado ilegalmente para ficar na mão de alguns poucos.”
Se o desmatamento ocorrido em áreas protegidas for adicionado à conta, o índice chega a 44%. Os números baseiam-se no Prodes, sistema oficial de monitoramento do desmatamento na Amazônia, divulgado ontem pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e divididos por categoria fundiária pelo IPAM.
“A grilagem tem se mantido na Amazônia ano a ano, com um incremento recente em terras não-designadas”, explica a diretora sênior de Ciência do IPAM, Ane Alencar. “Precisamos preservar essas florestas para garantir que as chuvas continuem a alimentar o campo brasileiro e a geração de energia. Isso se dá com fiscalização eficiente e constante, além da destinação dessas áreas para conservação.”
Outra categoria fundiária que se destaca são os assentamentos. Segundo análise do IPAM, em 2019 confirma-se um padrão de desmatamento nessas regiões que tem pouco a ver com a produção familiar: dos 283 mil km2 derrubados nessa categoria, 154 mil km2, ou 55% da área, estão concentrados em 57 assentamentos, que representam somente 6% dos 917 projetos que registraram retirada de árvores entre agosto de 2018 e julho de 2019.
(Gráfico: EcoDebate)
Leia mais
- “Surto de desmatamento na Amazônia se explica pela chegada do governo Bolsonaro”, diz cientista do INPA
- Mudanças climáticas ameaçam vazão de rios e geração de energia
- Passo a passo para frear a devastação da Amazônia
- Desmatamento subiu 50% em 2019, indicam alertas do Inpe
- Aumento do desmatamento na Amazônia é incontestável, diz Carlos Nobre, pesquisador do IEA-USP
- Tendência de aumento no desmatamento na Amazônia é confirmada pelo Imazon
- DETER/INPE: As áreas de alerta de desmatamento e degradação na Amazônia Legal somaram 2.072,03 km² no mês de junho de 2019
- Desmatamento consolidado: Amazônia perdeu 7.536 km² em 2018
- 1.102,57 km² de alertas de desmatamento e degradação na Amazônia Legal foram registrados em maio por DETER/INPE
- Governo fará revisão geral das 334 áreas de proteção ambiental no País
- Monitoramento por satélite identifica desmatamento ilegal de 2,6 mil hectares em áreas cobertas por nuvens em MT
- Imazon detecta novo padrão de desmatamento no Acre, Rondônia e Pará
- "O conjunto da sociedade falhou, por isso o desmatamento aumentou na Amazônia vertiginosamente". Entrevista especial com André Guimarães
- O fogo na Amazônia: Mais fogo, menos comida
- Desmatamento das Unidades de Conservação ameaça serviços ecossistêmicos. Entrevista especial com Elis Araújo
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
35% do desmatamento na Amazônia é grilagem, mostra análise realizada pelo IPAM - Instituto Humanitas Unisinos - IHU