28 Fevereiro 2017
Francisco, inovador em tudo, criou um novo tipo de viagem apostólica: a visita ecumênica. Fez isso primeiro em Lesbos, para onde foi acompanhado pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, e pelo Patriarca da Grécia. E de acordo com o que anunciou em sua visita à igreja anglicana de Roma, continuará com uma eventual viagem ao Sudão do Sul, acompanhado, desta vez, pelo arcebispo de Canterbury e Primaz da Igreja anglicana, Justin Welby.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 27-02-2017. A tradução é de André Langer.
São mais que viagens às periferias geográficas. Trata-se de visitas às mais duras e sangrentas periferias existenciais. Ali onde os mais pobres dos pobres choram, sofrem e gritam sua dor ao céu e à terra. Os líderes do mundo se fazem de surdos. Mas, o Papa, não. E, como enviado do céu, irá ao Sudão do Sul, para tentar apagar o fogo de uma guerra étnica fratricida, que mal chega à agenda da mídia e da política mundial.
Oxalá consiga fazer a viagem! Porque não é nada fácil visitar um país em guerra. Mesmo que Francisco já nos tenha acostumado com gestos arriscados deste tipo. Já visitou Bangui, a capital da República Centro-Africana, em pleno apogeu do conflito entre os seleka e os antibalaka. E conseguiu o milagre da paz, pelo menos enquanto esteve ali. E até dizem que, depois da sua visita, conseguiu colocar em marcha o processo de pacificação que, com seus altos e baixos, continua.
E tentará fazer isso no Sudão do Sul: colocar em marcha o processo de paz. Sentar-se com os líderes de ambas as facções e convidá-los ao diálogo e à busca da paz. Partindo, exclusivamente, da sua autoridade moral.
Uma missão novamente arriscada. Pelos riscos físicos que a viagem implica. E pelo risco do fracasso papal que a viagem traz embutida. Não está garantido que os líderes sudaneses em confronto lhe deem atenção. Mas, Francisco não está preocupado com o seu fracasso pessoal. A única coisa que busca é iniciar o caminho da paz, sem se importar com o fato de que sua imagem seja questionada. Assume a possibilidade do fracasso. A tentativa evangélica da paz está acima de qualquer outra consideração.
Visita arriscada e complicada também internamente. Porque aqueles que só sabem atirar pedras do próprio país, certamente falam de sincretismo e outras belezas, para referir-se a uma visita conjunta com o líder da Igreja anglicana. Mas, nem isso vai deter Francisco, que só se deixa guiar pelas moções do Espírito.
Sorte, Papa corajoso e arriscado! Que a sua missão sudanesa seja possível e tenha êxito. O povo e os pobres do Sudão do Sul, que choram e gritam pela paz, esperam por você. E precisam de você. Você é sua esperança.
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As viagens ecumênicas do Papa aos “infernos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU