27 Julho 2021
Comparações impossíveis entre a perseguição judaica e as disposições sobre as vacinas são "loucuras, gestos em que o mau gosto encontra a ignorância: como espero não ser ignorante nem ter mau gosto, não dá para levar a sério", explicou a senadora vitalícia e testemunha do Holocausto Liliana Segre, acrescentando a Pagine Ebraiche que "o uso distorcido da memória é uma vergonha que dura há tempo" e que "depois de ter visto o rosto amado de Anne Frank usado no estádio nada mais me surpreende. Não digo que sou insensível, mas criei uma espécie de casca”.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 26-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Condenar quem recusa a vacina, quem fala em 'ditadura sanitária' e faz referências sem sentido a leis racistas é um dever, diz Segre, ameaçada online justamente pela questão das vacinas. “É uma época de ignorância, de violência, nem tão reprimida, que se tornou madura para essas distorções. É uma escola que foi aceito em que os valentões sejam os mais fortes”, a reflexão da senadora vitalícia, que olhando para os movimentos de rua no vax espera que seja apenas um fenômeno minoritário. “Em todo caso, quero esperar que esses manifestantes representem uma minoria. Por que como não se vacinar contra uma doença terrível como esta que matou indistintamente?”.
Aos que não fazem parte daquele mundo no vax convicto, mas continuam a ter medo da vacina, Segre nos lembra que “o medo se supera”. Resumindo, “se a única arma para combater essa doença é a vacina, não conhecemos outras, então vamos nos vacinar. Eu não titubeei nem dois minutos para me vacinar, pelo contrário fiquei muito contente. E assim todos se vacinaram na minha família. Não sou médica, mas acredito no que me dizem".
Justamente por ter sido vacinada Segre já foi alvo de muitos ataques online. "Incrível - continua ela para Pagine Ebraiche - até por isso eles me atacaram. Disseram que eu tinha ações da Pfizer. Bem que gostaria! Infelizmente não possuo nenhuma. Nem mesmo essas mentiras me surpreendem. Vamos lembrar todas as falsidades sobre o ataque às Torres Gêmeas, com alguns que acusaram os judeus de serem os responsáveis”.
Para os complotistas antivacinas, a mensagem da senadora vitalícia é clara: fiquem em casa. "Se alguém quer ver complôs em todo lugar, então que fique em casa. Sozinho. Não saia circulando pelas ruas, não saia para o mundo, não crie problemas para os outros. Mas eu sei, geralmente aqueles que fazem tais escolhas não se preocupam com o próximo".
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“Loucura comparar as vacinas com o Holocausto”, reage Liliane Segre, testemunha do Holocausto e senadora italiana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU