30 Outubro 2015
“A terra não é só o nosso meio ambiente. A terra é a nossa mãe.”
A reportagem é de Lydia O’Connor, publicada por Huffington Post, 29-10-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Uma dúzia de autoridades budistas, no que estão chamando de um esforço inédito, apelaram aos líderes mundiais para que tomem uma atitude forte no combate às mudanças climáticas na conferência a ocorrer no próprio mês em Paris.
Na carta emitida nesta quinta-feira e intitulada “Buddhist Climate Change Statement to World Leaders” [1], literalmente “Declaração Budista sobre as Mudanças Climáticas aos Líderes Mundiais”, o Dalai Lama e 11 outros signatários pedem pela superação gradual da dependência de combustíveis fósseis e por um movimento em direção a 100% de uso de energias renováveis. Lê-se na carta que esta é a primeira vez em que líderes budistas se unem para tomar uma posição diante de um assunto global.
Proteger o planeta, escrevem, é um pilar do budismo:
“Esta nossa preocupação fundamenta na percepção do Buda sobre o cossurgimento dependente, que interliga todas as coisas no universo. Compreender esta causalidade interligada e as consequências das nossas ações são passos fundamentos na redução do nosso impacto ambiental. Ao cultivar a ideia de interser e da compaixão, teremos condições de agir com amor, e não por medo, no intuito de proteger o nosso planeta. Os líderes budistas vêm falando sobre isso há décadas. No entanto, a vida cotidiana pode facilmente nos levar a esquecer que as nossas vidas estão inextricavelmente entrelaçadas com o mundo natural através de cada respiro que damos, através da água que tomamos e através dos alimentos que comemos. Por meio da nossa falta de percepção, estamos destruindo exatamente os sistemas de apoio de que nós, e todos os seres vivos, dependemos para sobreviver.”
“Quando prejudicamos a terra, prejudicamos a nós mesmos”, diz a signatária Irmã Chan Khong da Comunidade Internacional Plum Village dos Budistas Engajados em um comunicado à imprensa. “A terra não é só o nosso meio ambiente. A terra é a nossa mãe. Somos todos filhos da terra, e devemos ajudar uns aos outros como irmãos e irmãs de uma grande família planetária. Devemos agir, não a partir de um sentimento de dever, mas por amor ao nosso planeta e por uns aos outros”.
Ela acrescenta ainda dizendo: “o Buda nos mostrou que podemos viver com simplicidade e, mesmo assim, sermos muito felizes”.
A afirmação dos líderes budistas de que as suas crenças espirituais os conduz a abraçar a conservação ecoa aquela outra feita pelo Papa Francisco, quem trouxe o mesmo argumento sobre o catolicismo em sua encíclica sobre o meio ambiente.
“Não somos Deus”, escreveu o pontífice em sua carta encíclica. “A terra existe antes de nós e foi-nos dada”.
Há mais de um bilhão de católicos romanos e algo entre 500 milhões e um bilhão de budistas (dependendo de como se contabiliza). Embora nem todos estes fiéis irão seguir os passos de seus líderes religiosos, somados eles resultam em um quarto ou mais da população mundial.
O Dalai Lama também falou em apoio a uma ação para conter as mudanças climáticas no início desse mês num vídeo que divulgado por ele via campanha lançada pelo governo tibetano em exílio.
Nota:
[1] Disponível aqui.
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Líderes budistas pedem ação conta as mudanças climáticas nas negociações de Paris - Instituto Humanitas Unisinos - IHU